hospital: espaço de
atendimento as condições especiais do sujeito que requer atuação diferenciada,
onde convivem vários fatores diferenciados. A terapia ocupacional se insere no
contexto hospitalar após a segunda guerra no sentido de reabilitar as pessoas
que sofreram sequelas da guerra. Em 1940 o hospital das clinicas (FMUSP)
realiza o programa de laborterapia para minimizar os efeitos da internação nos
pacientes, nesse mesmo período a USP leva profissionais para os Estados Unidos
se formam e voltam para o Brasil, para os Hospitais com olhar diferenciado, em
1969 a terapia ocupacional é reconhecida no Brasil como profissão de nível
superior.
MINHA VISÃO SOBRE A AULA: Nessa aula tive
uma ideia clara e bem objetiva do impacto que a internação causa no paciente,
muitas vezes nós que estamos de fora, nós profissionais não percebemos isso. E
quando essa hospitalização ocorre no Sistema Único de Saúde, no hospital
universitário esses impactos podem ser ainda maiores, por uma grande falta de
privacidade, pequenos quartos com estrutura mínima, onde o paciente é visto
apenas como uma patologia, esquece a vontade, o contexto social que foi rompido
antes da internação e nós terapeutas ocupacionais temos o papel importante em
tentar resgatar um pouco desse contexto perdido, temos que ajudar o paciente a
aceitar e vê que mesmo dentro de um hospital ele continua sendo produtivo, com
sonhos, metas a serem alcançadas.
BASES TEÓRICAS: A situação de internação hospitalar é
pensada, a partir das rupturas que promove na vida
cotidiana e na apropriação do viver, dos
corpos dos sujeitos que são atendidos.
Quando sujeito de uma internação, por conta de
um agravamento de seu processo de adoecimento e pelas necessidade de
cuidados de maior complexidade, vive-se um progressivo afastamento das
condições de vida materiais e afetivas
que constituíam um território existencial. As roupas são substituídas por aventais e pijamas, os
rostos familiares são substituídos por
desconhecidos que rapidamente se tornam
“íntimos”, a rotina é organizada em torno dos
procedimentos médicos e de enfermagem, prioritariamente, o dia e a
noite, passam a ser regrados pelos horários de medicamentos e/ou procedimentos
que visam assegurar o prosseguimento da vida. A vida orgânica passa a ser
objeto de cuidado dos ditos, profissionais de saúde. Concordamos com Denise
Sant’Anna (2001) Ao transtorno de viver dependente dos cuidados alheios,
pode-se somar aquele provocado pela quebra de conexão entre práticas que, na
vida do indivíduo fora do hospital, possuem alguma continuidade: o corpo do
hospitalizado transformasse no principal lugar de manipulações descontínuas e
fragmentadas; ele é frequentemente tratado por partes e abstraído através de
exames e fichas de cadastramento; a subjetividade do paciente é reduzida a identificação
de elementos corporais (...) passíveis de mensuração e avaliação científica. O
indivíduo se torna divisível na medida em que a intimidade de seu organismo é
exposta dia e noite.
Neste sentido, pode-se pensar que para
as crianças e adolescentes, o impacto da internação pode vir a gerar outras
dificuldades, tendo em vista, sua condição particular de pessoas em processo de
crescimento, sua dependência do cuidado do outro, o pouco repertório para lidar
com a infinidade de situações e exposições a que estão submetidos na
internação. Somam-se a isto, todas as demandas oriundas do próprio adoecimento.
Condição, ainda, particular da
internação de crianças e adolescentes, é a presença, muitas vezes, obrigatória
de familiares e/ou cuidadores que se revezam ou não na administração dos
cuidados, na espera dos procedimentos e notícias, na espera do que podem ou não
fazer durante o período que ficam no hospital. Expostos, de outro modo, são
constantemente avaliados em sua capacidade de acalantar, de estar presentes, de
cooperar com a equipe de saúde, de aguentar e entender todos os procedimentos,
dentre outros. Em paralelo, essa demanda dificulta a realização de atividades
de manutenção das condições de vida (seja da rotina doméstica ou de trabalho),
do cuidado de seus outros dependentes, requerendo uma re-acomodação dos
projetos pessoais e familiares. Nos casos em que o processo de adoecimento e
hospitalização torna-se longo ou frequente, o cansaço e a tensão decorrentes
das responsabilidades tornam-se ainda maiores. Entende-se que a ação da terapia
ocupacional, nestas condições, se constitui em poder entender e intervir nas
manifestações e descontinuidades da cotidianidade ocasionadas por situações
diversas de adoecimento, pelo próprio impacto dos processos saúde-doença nos
contextos de vida dos sujeitos e pela hospitalização. Cabe ressaltar que a
noção de cotidiano, aqui, alude ao conjunto de afazeres que constituem o
universo ocupacional das pessoas, isto é, das atividades costumeiras do
dia-a-dia a aquelas que atribuem significados essenciais do viver do sujeito e
de seu grupo social. Indo além, o cotidiano remete às redes de relações sociais
e também, ao próprio modo de ser, estar e fazer de um coletivo. Por meio do uso
de diferentes ações oriundas do cotidiano da criança e do adolescente o
terapeuta vem a oferecer um espaço para a experimentação de si e do outro.
Produzindo um ambiente onde os sujeitos do cuidado possam atuar de forma a se
apropriarem de suas produções de saúde, fomentando diálogos entre a compreensão
e a vivência dos processos de saúde-doença e as leituras dos profissionais de
saúde.
A produção de saúde, aqui, é
compreendida pelo permanente movimento de invenção de si e do mundo, de modo
que as perdas, as rupturas e os processos de adoecimento possam ser vividos
como parte da processualidade própria do viver. Neste sentido, o terapeuta pode
problematizar, vivenciar, cuidar com a pessoa sob sua atenção da expressão de
seus desejos, angústias, ansiedades mapeando seus limites e potencialidades. Assim
como, vislumbrar redes de apoio a situações de maior vulnerabilidade, ampliando
deste modo sua autonomia. Pode-se pensar, ainda, usando a construção de Mehry
(1997a, b) que temos uma terapia ocupacional na produção do cuidado à saúde da
criança e do adolescente que se inscreve, prioritariamente, no lugar das tecnologias
leves, que se desenvolvem no espaço intersubjetivo do profissional de saúde
e do sujeito sob cuidado. Tecnologias, estas, que são relacionais que envolvem
a escuta, o vínculo, a singularização, dentre outras. E que se diferenciam
significativamente dentro da rotina hospitalar dos procedimentos operados pelos
demais profissionais. Entretanto, o terapeuta ocupacional também pode vir a
fazer uso, do que os autores chamam de tecnologias leve-duras, que abarcariam
os saberes clínicos, epidemiológicos, terapêuticos; e, em menor escala, das
tecnologias duras, que abrangem a utilização de equipamentos de maior
complexidade na assistência. Para Castro (2005), Este amplo exercício de
leitura e compreensão de passagens clínicas revela as estratégias arrojadas de
manejo clínico que as práticas da terapia ocupacional na contemporaneidade
muitas vezes exigem e a qualidade da presença humana nestas funções.
REFERÊNCIAS: GALHEIGO, S. M.; ANGELI,
A. A. C. de. Occupational therapy and the integral health care of children and adolescents: the
construction of the Project ACCALANTO. Rev.
Ter. Ocup. Univ.São Paulo, v. 19, n. 3, p. 137-143, set./dez. 2008.
“O
TERAPEUTA OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR É PROMOVER A QUALIDADE DE VIDA E
SAÚDE EM UM CONTEXTO DE DOENÇA
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