segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

AULA: INTRODUÇÃO AO CONTEXTO HOSPITALAR



hospital: espaço de atendimento as condições especiais do sujeito que requer atuação diferenciada, onde convivem vários fatores diferenciados. A terapia ocupacional se insere no contexto hospitalar após a segunda guerra no sentido de reabilitar as pessoas que sofreram sequelas da guerra. Em 1940 o hospital das clinicas (FMUSP) realiza o programa de laborterapia para minimizar os efeitos da internação nos pacientes, nesse mesmo período a USP leva profissionais para os Estados Unidos se formam e voltam para o Brasil, para os Hospitais com olhar diferenciado, em 1969 a terapia ocupacional é reconhecida no Brasil como profissão de nível superior.
MINHA VISÃO SOBRE A AULA: Nessa aula tive uma ideia clara e bem objetiva do impacto que a internação causa no paciente, muitas vezes nós que estamos de fora, nós profissionais não percebemos isso. E quando essa hospitalização ocorre no Sistema Único de Saúde, no hospital universitário esses impactos podem ser ainda maiores, por uma grande falta de privacidade, pequenos quartos com estrutura mínima, onde o paciente é visto apenas como uma patologia, esquece a vontade, o contexto social que foi rompido antes da internação e nós terapeutas ocupacionais temos o papel importante em tentar resgatar um pouco desse contexto perdido, temos que ajudar o paciente a aceitar e vê que mesmo dentro de um hospital ele continua sendo produtivo, com sonhos, metas a serem alcançadas.

BASES TEÓRICAS:  A situação de internação hospitalar é pensada,   a partir das rupturas que promove na vida cotidiana e  na apropriação do viver, dos corpos dos sujeitos que são  atendidos. Quando sujeito de uma internação, por conta de  um agravamento de seu processo de adoecimento e pelas necessidade de cuidados de maior complexidade, vive-se um progressivo afastamento das condições de vida materiais e  afetivas que constituíam um território existencial. As roupas  são substituídas por aventais e pijamas, os rostos familiares  são substituídos por desconhecidos que rapidamente se  tornam “íntimos”, a rotina é organizada em torno dos  procedimentos médicos e de enfermagem, prioritariamente, o dia e a noite, passam a ser regrados pelos horários de medicamentos e/ou procedimentos que visam assegurar o prosseguimento da vida. A vida orgânica passa a ser objeto de cuidado dos ditos, profissionais de saúde. Concordamos com Denise Sant’Anna (2001) Ao transtorno de viver dependente dos cuidados alheios, pode-se somar aquele provocado pela quebra de conexão entre práticas que, na vida do indivíduo fora do hospital, possuem alguma continuidade: o corpo do hospitalizado transformasse no principal lugar de manipulações descontínuas e fragmentadas; ele é frequentemente tratado por partes e abstraído através de exames e fichas de cadastramento; a subjetividade do paciente é reduzida a identificação de elementos corporais (...) passíveis de mensuração e avaliação científica. O indivíduo se torna divisível na medida em que a intimidade de seu organismo é exposta dia e noite.
Neste sentido, pode-se pensar que para as crianças e adolescentes, o impacto da internação pode vir a gerar outras dificuldades, tendo em vista, sua condição particular de pessoas em processo de crescimento, sua dependência do cuidado do outro, o pouco repertório para lidar com a infinidade de situações e exposições a que estão submetidos na internação. Somam-se a isto, todas as demandas oriundas do próprio adoecimento.
Condição, ainda, particular da internação de crianças e adolescentes, é a presença, muitas vezes, obrigatória de familiares e/ou cuidadores que se revezam ou não na administração dos cuidados, na espera dos procedimentos e notícias, na espera do que podem ou não fazer durante o período que ficam no hospital. Expostos, de outro modo, são constantemente avaliados em sua capacidade de acalantar, de estar presentes, de cooperar com a equipe de saúde, de aguentar e entender todos os procedimentos, dentre outros. Em paralelo, essa demanda dificulta a realização de atividades de manutenção das condições de vida (seja da rotina doméstica ou de trabalho), do cuidado de seus outros dependentes, requerendo uma re-acomodação dos projetos pessoais e familiares. Nos casos em que o processo de adoecimento e hospitalização torna-se longo ou frequente, o cansaço e a tensão decorrentes das responsabilidades tornam-se ainda maiores. Entende-se que a ação da terapia ocupacional, nestas condições, se constitui em poder entender e intervir nas manifestações e descontinuidades da cotidianidade ocasionadas por situações diversas de adoecimento, pelo próprio impacto dos processos saúde-doença nos contextos de vida dos sujeitos e pela hospitalização. Cabe ressaltar que a noção de cotidiano, aqui, alude ao conjunto de afazeres que constituem o universo ocupacional das pessoas, isto é, das atividades costumeiras do dia-a-dia a aquelas que atribuem significados essenciais do viver do sujeito e de seu grupo social. Indo além, o cotidiano remete às redes de relações sociais e também, ao próprio modo de ser, estar e fazer de um coletivo. Por meio do uso de diferentes ações oriundas do cotidiano da criança e do adolescente o terapeuta vem a oferecer um espaço para a experimentação de si e do outro. Produzindo um ambiente onde os sujeitos do cuidado possam atuar de forma a se apropriarem de suas produções de saúde, fomentando diálogos entre a compreensão e a vivência dos processos de saúde-doença e as leituras dos profissionais de saúde.
A produção de saúde, aqui, é compreendida pelo permanente movimento de invenção de si e do mundo, de modo que as perdas, as rupturas e os processos de adoecimento possam ser vividos como parte da processualidade própria do viver. Neste sentido, o terapeuta pode problematizar, vivenciar, cuidar com a pessoa sob sua atenção da expressão de seus desejos, angústias, ansiedades mapeando seus limites e potencialidades. Assim como, vislumbrar redes de apoio a situações de maior vulnerabilidade, ampliando deste modo sua autonomia. Pode-se pensar, ainda, usando a construção de Mehry (1997a, b) que temos uma terapia ocupacional na produção do cuidado à saúde da criança e do adolescente que se inscreve, prioritariamente, no lugar das tecnologias leves, que se desenvolvem no espaço intersubjetivo do profissional de saúde e do sujeito sob cuidado. Tecnologias, estas, que são relacionais que envolvem a escuta, o vínculo, a singularização, dentre outras. E que se diferenciam significativamente dentro da rotina hospitalar dos procedimentos operados pelos demais profissionais. Entretanto, o terapeuta ocupacional também pode vir a fazer uso, do que os autores chamam de tecnologias leve-duras, que abarcariam os saberes clínicos, epidemiológicos, terapêuticos; e, em menor escala, das tecnologias duras, que abrangem a utilização de equipamentos de maior complexidade na assistência. Para Castro (2005), Este amplo exercício de leitura e compreensão de passagens clínicas revela as estratégias arrojadas de manejo clínico que as práticas da terapia ocupacional na contemporaneidade muitas vezes exigem e a qualidade da presença humana nestas funções.

REFERÊNCIAS: GALHEIGO, S. M.; ANGELI, A. A. C. de. Occupational therapy and the integral health care of children and adolescents: the construction of the Project ACCALANTO. Rev. Ter. Ocup. Univ.São Paulo, v. 19, n. 3, p. 137-143, set./dez. 2008.



 O TERAPEUTA OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR É PROMOVER A QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE EM UM CONTEXTO DE DOENÇA








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